Dialética da Marginalidade
- Alexandre Pilati
- 23 de mai.
- 2 min de leitura
Por RODRIGO MENDES* (Publicado originalmente em A Terra é Redonda)
Considerações sobre o conceito de João Cesar de Castro Rocha
“Em literatura, o básico da crítica marxista está na dialética de forma literária e processo social. Trata-se de uma palavra de ordem fácil de lançar e difícil de cumprir”
(Roberto Schwarz, Que horas são?).
1.
Há aproximadamente oito anos pesquiso sobre a forma do rap do Sobrevivendo no Inferno, do Racionais MC’s, tendo chegado à síntese a que chamei de dialética do papo reto neste momento intermediário de acumulação. Ela propõe o proceder como princípio estrutural do disco, elemento que faz a mediação entre a forma estética e o processo social.[i]

Todo esforço crítico empreendido se inspira e busca dialogar com o método crítico de Antonio Candido ao interpretar o romance de Manuel Antonio de Almeida,[ii] objetivando encontrar um elemento formal, em sua dinâmica interna, que tenha caráter estruturante, e que mantenha vínculo intrínseco com a sociedade em que a obra foi erguida, cujos influxos históricos conformados em forma social também serão explicados por esse elemento.
João Cesar de Castro Rocha ao construir a “dialética da marginalidade”[iii] também se inspira e dialoga com Antonio Candido, mas aqui a relação é culturalista e comparativa, enquanto é teórica e metodológica no meu caso. João Cesar de Castro Rocha se refere a elementos que tocam diretamente minha pesquisa sobre o grupo de rap e também em outros objetos aos quais pretendo estender minha interpretação, daí minha crítica a sua categoria, principalmente pela inconsistência metodológica e ausência de leitura formal das obras.
Como analisar uma obra de arte de forma autônoma e que ao mesmo tempo seja possível enxergar aspectos do contexto histórico em que foi gerada? Esta a pergunta por trás do famoso ensaio de Antonio Candido e do “Prefácio” de O discurso e a cidade, em que o autor expõe o ponto de vista teórico relativo à primeira parte do estudo. O trabalho, já em período maduro de sua acumulação crítica, foi o primeiro ensaio verdadeiramente dialético em solo nacional (SCHWARZ, 1987),[iv] possibilitando um amadurecimento do campo da crítica literária ao buscar autonomizar o objeto de estudo. Leia o texto completo aqui: https://aterraeredonda.com.br/dialetica-da-marginalidade/
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